segunda-feira, 10 de junho de 2013

Dos “Estatutos” do Beato Gilberto de Sempringham e de seus sucessores. (W.Dugdale, Monasticom Anglicanum, London, 1830, VII, 2. PP. XXIXss)


 


Todos são chamados à santidade

            "Em nome de Deus todo-poderoso, Pai, Filho e Espírito Santo, eu Gilberto de Sempringham, resolvi praticar o ensinamento da Sagrada Escritura e as exortações dos Santos Padres: ensinar o próximo para que se afaste do mal e pratique o que agrada a Deus, evitando as insídias da astuta serpente, que procura destruir e fazer perecer as obras das boas pessoas. Possuindo duas igrejas e muitos outros bens do meu patrimônio, procurei destiná-los com grande alegria ao culto divino e ao sustento daqueles que escolhem a pobreza por amor de Deus.
            Porém, não encontrando homens dispostos a seguir, segundo o meu desejo, uma vida mais empenhada por amor a Deus, encontrei virgens que, instruídas várias vezes por mim, renunciaram as ocupações seculares e dedicaram-se sem demora às obras de Deus. Já que a virgindade é agradável a Deus, fiz construir casas e, com a ajuda, do bispo de Lincoln, Alexandre, pusemos no convento, do qual como tinha pensado, não haveriam mais de sair, sete mulheres mais fervorosas.
            Mas porque era perigoso que umas mulheres seculares, sempre em volta, servissem às religiosas, escolhi, após tê-las consagradas, algumas empregadas que insistentemente pediam de prestar serviço às claustrais usando um hábito religioso, sem pretender nada para o alimento e o hábito. Propus a elas a seguinte maneira de viver: “Vós deveis prometer a Deus castidade, humildade, caridade, obediência no bem e perseverança; renunciar ao mundo e a toda propriedade, incluindo a própria vontade, e praticar o compromisso da profissão religiosa.”
            Igualmente não havendo senão leigos para cuidarem dos bens de minha casa e dos campos, escolhi alguns empregados, a quem dei um hábito religioso semelhante ao dos irmãos cistercienses. Como disse a respeito das irmãs, os obriguei com normas muito semelhantes, a respeito do trabalho manual e do alimento frugal.
            Multiplicaram-se as mulheres empenhadas no santo propósito, mas eu não tinha religiosos instruídos para confiar-lhes a cura e o governo das leigas. Fui conversar com os cistercienses, que celebravam o Capítulo na presença do Papa Eugênio, homem de grande prudência e virtude, para colocar sob o governo deles nossas casas, as servas de Cristo e os nossos irmãos, mas eles decididamente recusaram.
            Impelido por tal necessidade, escolhi clérigos para a direção e o cuidado de quantos, homens e mulheres, se houvessem devotado aos trabalhos materiais a fim de que nas vigílias e no jejum vivessem conforme à Regra de Santo Agostinho, e, separados das religiosas, não tivessem possibilidade alguma de a elas se aproximar, a não ser que alguma, prestes a morrer, necessitasse receber a Unção Sagrada e o Viático.
            Em cada convento de religiosas haja, pelo menos, sete Cônegos, se os bens da casa o possibilitarem, ou também mais. No mosteiro atendam às obrigações que competem aos clérigos, no que diz respeito à celebração das missas e das horas canônicas. No claustro, em coro, no Capítulo, no locutório, no refeitório, no dormitório guardarão silêncio e as mesmas normas das monjas naquilo que a Ordem dos Cônegos exige conforme a Regra de Santo Agostinho."





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